segunda-feira, 8 de abril de 2013

A história do papel


Os egípcios inventaram o papiro, no início da era cristã, trançando fatias finíssimas de uma planta com o mesmo nome, retiradas das margens do rio Nilo.
No século II, o papiro fazia tanto sucesso entre os gregos e os romanos, que os mandatários do Egito decidiram proibir a sua exportação, temendo a escassez do produto.
Isso disparou a corrida atrás de outros materiais.

Na cidade de Pérgamo, na Antiga Grécia (hoje, Turquia), foi usado o pergaminho, obtido da parte interna da pele do carneiro. Grosso e resistente, ele era ideal para os pontiagudos instrumentos de escrita dos ocidentais que cavavam sulcos na superfície do suporte, os quais eram, depois, pacientemente preenchidos com tinta.
O pergaminho, entretanto, não era liso e macio o suficiente para resolver o problema dos chineses, que praticavam a caligrafia com o delicado pincel de pelo, inventado por eles ainda no ano 250 a.C. - só lhes restava, assim, a solução muito menos econômica de escrever em tecidos como a seda.
E o tecido, naqueles tempos antigos, podia sair tão caro como uma pedra preciosa.
Provavelmente, o papel já existia na China desde o século II a.C., como indicam os restos num túmulo, na província de Shensi.

Mas o facto é que somente no ano 105, o oficial da corte T'sai Lun anunciou ao imperador a sua invenção. Tratava-se, afinal, de um material muito mais barato do que a seda, preparado sobre uma tela de pano esticada por uma armação de bambu. Nessa superfície, vertia-se uma mistura aquosa de fibras maceradas de redes de pescar e cascas de árvores. No ano 750, dois artesãos da China foram aprisionados pelos árabes, na antiga cidade de Samarkanda, aos pés das montanhas do Turquistão.
A liberdade só lhes seria devolvida com uma condição - se eles ensinassem a fabricar o papel, que assim iniciou a sua viagem pelo mundo. No século X, foram construídos moinhos papeleiros em Córdoba, Espanha.
Os italianos da cidade de Fabriano começaram a fabricar papel, em 1268, à base de fibras de algodão e de linho, além de cola - substância que, ao envolver as fibras, tornava-as mais resistentes às penas metálicas com que escreviam os europeus. Quanto ao preço, no entanto, papel e pergaminho empatavam, pois era muito difícil conseguir roupas velhas para extrair a celulose.
Quando, na Renascimento, o advento da imprensa fez o consumo de papel aumentar terrivelmente, os ingleses chegaram a determinar que as pessoas só poderiam ser enterradas com trajes de lã, a fim de poupar os trapos de algodão, deixados como herança para os papeleiros. Até hoje o papel-moeda, por exemplo, não dispensa esse nobre ingrediente, que por ter fibras longuíssimas faz um produto difícil de rasgar.

O algodão demorou até ser substituído.
Apenas em 1719, o entomologista René de Réaumur (1683-1757) sugeriu trocá-lo pela madeira.
Ele observou vespas a construir ninhos com uma pasta feita a partir da mastigação de minúsculos pedaços de troncos.

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